O apartamento situa-se num edifício implantado no interior de um quarteirão e envolto num jardim de árvores centenárias. A densidade arbórea circundante, a extensa área do apartamento e a sua articulação interior preexistente dificultam a entrada de luz natural.
A captação de luz surge, assim, como tema do projecto. Começa-se por identificar e geometrizar compartimentos. Redefine-se a sua articulação, clarificando os percursos e circuitos funcionais.
Nas zonas mais interiores do apartamento, substituem-se paredes opacas por paredes translúcidas de vidro opalino, de modo a permitir o atravessamento da luz. Os dois átrios de distribuição, entrada e quartos, são entendidos como espaços de luz, pontos marcantes na organização interna da casa. A sala é subdividida em três zonas, de modo a disciplinar a sua forma. Cada uma dessas zonas, recepção, estar e refeições, é caracterizada pelo desenho dos seus tectos, em que clarabóias artificiais pontuam e identificam cada espaço. A lareira suspensa e o móvel de apoio delimitam e configuram a zona de estar. A biblioteca configura-se como um espaço central livre que permite o atravessamento da luz natural até ao átrio dos quartos.